Engenheiro da UFSM cita alternativas para tentar reduzir tempo que consumidores ficam sem energia após temporais

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Após o último temporal no Rio Grande do Sul, cerca de 714 mil pessoas ficaram sem luz no Estado. Aos poucos, o serviço foi sendo restabelecido, mas, hoje, uma semana depois do vendaval, ainda há casos de moradores com falta de energia elétrica. Em Porto Alegre, inclusive, foram realizados protestos diante da demora na resolução do problema. O programa F5, da Rádio CDN, conversou com um especialista para entender quais fatores influenciam no tempo de resposta das empresas nessas situações.

De acordo com Tiago Bandeira Marchesan, engenheiro eletricista e diretor do Centro de Tecnologia (CT) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), é preciso avaliar os investimentos nas redes de energia elétrica, o manejo da arborização, o tamanho das equipes, e a gravidade do evento climático.

Além disso, segundo Marchesan, é essencial focar na prevenção para que, cada vez mais, os prejuízos para a população sejam amenizados:

– No momento que temos eventos que estatisticamente começam a se tornar mais corriqueiros, lógico que, cabe às concessionárias de energia fazer a prevenção para que isso não aconteça. Ou, se acontecer, (devem ter) equipes multipropósito para que esse atendimento seja feito da forma mais rápida possível. Como temos uma rede aérea, a prevenção é o melhor caminho. É um processo que tem que ser trabalhado continuamente com o fortalecimento das estruturas de rede.

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Investimentos nas redes de energia elétrica

O engenheiro explica que, atualmente, existem tecnologias disponíveis no mercado que podem reduzir os problemas nas redes elétricas aéreas em temporais, como as redes compactas (fiação entrelaçada, mais robusta, em vez de usar fios separadas, como na maioria dos postes hoje) e a troca de postes de madeira por concreto, por exemplo.

– Se você passar nas ruas, vai perceber que, em muitos lugares, não temos a rede compacta, por exemplo, que é um dos fatores que mitigaria, um pouco, essa falta de energia em temporais. Também temos tecnologias de recomposição automática da rede e de religadores à disposição no mercado. São investimentos que a concessionária tem que fazer continuamente para evitar ou mitigar essas ocorrências, principalmente, no caso de eventos severos como esse – relata Marchesan.

Arborização

Com o temporal, árvores caíram, causando o bloqueio de ruas e a queda de fios de luz. Muitos galhos de vegetação também ficaram presos na rede elétrica. Por isso, o especialista alerta que é necessário um manejo constante da arborização das cidades, com poda preventiva, principalmente, das árvores com risco de queda.

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Foto: Nathália Schneider (Diário)

Equipes

Marchesan indica que eventos climáticos extremos demandam que as concessionárias tenham equipes multipropósito. Segundo ele, uma das principais questões que dificulta esse investimento é a situação econômico-financeira das empresas.

– A concessionária não vai mensurar economicamente uma equipe de rápido restabelecimento em uma condição extrema porque quando não tem essa condição extrema, ela tem que pagar essa equipe toda. Há de se achar um ponto de equilíbrio e estratégias, como, por exemplo, equipes multipropósito e parcerias entre concessionários para esses eventos extremos – conta o diretor.

Tempo de resposta e gravidade do evento climático

O engenheiro explica que, no momento, é não é possível determinar se houve falhas das concessionárias em restabelecer o serviço. Para isso, seriam necessários ter todos dados técnicos relacionados ao problema. Segundo Marchesan, a legislação prevê 24h para restabelecimento de energia elétrica na área urbana e 48h na zona rural. Contudo, diante de “condições fora do comum” e de um evento extremo, o especialista fala que é difícil conseguir cumprir esses prazos.

Fiação subterrânea seria solução?

Quando há temporais que rompem fiação elétrica, é muito comum pessoas sugerirem a substituição do sistema atual, de postes e fios aéreas, por uma rede subterrânea, como existe em cidades do Exterior e até trechos de algumas capitais. 

Segundo Marchesan, esse investimento é muito caro e inviável para a realidade do Brasil. Seria possível, segundo ele, para situações pontuais, mas não haveria como fazer redes subterrâneas em toda a cidade, pois o custo seria elevado e faria aumentar muito a conta de energia elétrica aos consumidores.

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